As situações mais comuns são:
Falência da ovulação
Pelo menos 20-25% dos casos de infertilidade feminina são causados por falência da ovulação, tendo como sintoma menstruações irregulares ou mesmo ausentes.
A ausência de ovulação pode estar associada a peso excessivo ou emagrecimento excessivo.
Há numerosas causas para a falência da ovulação, incluindo secreção reduzida de hormonas pela hipófise (uma glândula na base do cérebro), existência de ovários poliquísticos e falência de ovários. Geralmente o tratamento com medicamentos é muito eficaz, 60-70% de casais a conseguir a desejada gravidez. Há casos especiais em que poderá ser adequada uma actuação cirúrgica sobre os ovários, ou recorrer a FIV.
Se há insuficiência dos ovários, não existe nenhuma possibilidade de tratamento. Nalguns países, os casais com este tipo de problema poderão recorrer a FIV com ovócitos de dadora.
Obstrução das trompas
É uma causa responsável por cerca de 30% dos casos de infertilidade feminina. Raramente há sintomas que indiquem a obstrução tubária, embora por vezes exista no passado uma história sugestiva de infecções dos órgãos pélvicos. Por vezes as trompas não estão completamente obstruídas, mas estão fixadas ou aderentes, em posições que impedem a sua função de captação do óvulo libertado pelo ovário. A obstrução das trompas, parcial ou completa é habitualmente causada por infecções que podem ser associadas a bactérias muito diversas.
Em situações (pouco frequentes) existe a possibilidade de tratamento cirúrgico.
Se não resulta gravidez ou se as trompas estão muito lesadas, há indicação para FIV.
Doenças do útero
Em cerca de 5% das mulheres, a infertilidade está associada a doenças do útero. Fibromiomas uterinos, anomalias congénitas na configuração do útero e alterações na sua cavidade interna, podem ser consideradas causa de infertilidade. Pode não haver quaisquer queixas associadas a estas doenças ou, pelo contrário, haver menstruações abundantes e dolorosas. Se há lesões importantes da cavidade uterina, as menstruações podem ser reduzidas ou inexistentes. A terapêutica é cirúrgica, usando a técnica mais adequada para cada situação.
Muco cervical desfavorável
Por vezes, o muco produzido pelo útero nos dias que antecedem a ovulação é muito espesso e não do tipo "clara de ovo" como é normal. Os espermatozóides não conseguem então entrar no útero. Em casos raros, o muco contém anticorpos que imobilizam os espermatozóides.
O tratamento é, habitualmente, inseminação intra-uterina ou, em casos mais graves, FIV.
Endometriose
Por vezes, o tecido que cobre o interior do útero desenvolve -se também externamente e implanta-se na cavidade abdominal, sobretudo na pelve e nos ovários.
Esta circunstância pode associar-se a menstruações especialmente dolorosas e, se o processo cicatricial é muito extenso, pode ser causa de infertilidade.
O tratamento é cirúrgico, embora ocasionalmente possa haver ajuda importante de certos medicamentos na redução das queixas.
A FIV poderá ser uma alternativa eficaz para conseguir a gravidez.
Abortos de repetição
Algumas mulheres não têm propriamente dificuldades em engravidar, mas abortam sistematicamente. Esta situação, infelizmente não muito rara, poderá ser devida a alterações hormonais ou a malformações congénitas do útero. Em grande número dos casos o que há são defeitos nos embriões e isto não tem tratamento, embora haja algumas técnicas promissoras em investigação.