As situações mais comuns são:
Diminuição do número de espermatozóides
Em condições normais um homem produz mais de 100 milhões de espermatozóides em cada ejaculação. Embora seja necessário apenas um espermatozóide para fertilizar o óvulo (a célula feminina), a “viagem” até atingir o óvulo é tão extraordinariamente difícil que a esmagadora maioria dos espermatozóides se perde ou morre no trajecto. Por isso, se um homem produz menos de 20 milhões de espermatozóides no ejaculado, a sua fertilidade está significativamente reduzida e a probabilidade de que ocorra uma gravidez é bastante menor. As razões porque tantos homens têm um número diminuído de espermatozóides não são conhecidas, mas poderão estar implicados factores genéticos, hormonais e ambientais.
Chama-se oligospermia (ou oligozoospermia) à diminuição acentuada dos espermatozóides. O tratamento com medicamentos (injecções e/ou comprimidos) só excepcionalmente tem algum efeito, a não ser que exista um problema hormonal subjacente. As infecções podem ser tratadas com antibióticos. Em situações raras poderá haver actuação cirúrgica útil. Outros métodos de tratamento são as diversas formas de inseminação – inseminação intra-uterina, fertilização in vitro (FIV) ou microinjecção intracitoplasmática (ICSI na sigla anglo-saxónica). Na FIV os espermatozóides são colocados em contacto comos óvulos, em meio de cultura laboratorial, dando-se a junção das células por actuação dos seus mecanismos naturais.
Na ICSI, um espermatozóide é injectado directamente no interior do óvulo, sob visão microscópica. Estas técnicas têm resultados gratificantes, mas são complexas e dispendiosas, devendo ser um recurso seleccionado para situações bem definidas.
Vale a pena recordar que, excepto em situações graves, a maioria dos homens com oligospermia pode fecundar, dando origem a uma gravidez mesmo sem tratamento. A probabilidade de isso acontecer, é muito menor do que se o esperma fosse normal e o tempo necessário para obter a gravidez poderá ser muito longo.
Espermatozóides com mobilidade reduzida
É uma situação também muito comum. A baixa mobilidade está muitas vezes associada à diminuição da concentração de espermatozóides. No esperma normal, pelo menos 50% dos espermatozóides devem mover-se de forma adequada. Abaixo desse limite diz-se que o homem tem astenospermia ou astenozoospermia. A mobilidade reduzida é por si mais importante do que uma redução moderada da quantidade de espermatozóides. As alternativas terapêuticas são as descritas atrás.
Espermatozóides com configuração anormal
Considera-se normal um esperma que tem mais de 15% de espermatozóides morfologicamente normais. Se essa percentagem é menor que 15% diz-se existir teratospermia ou teratozoospermia. Os espermatozóides anormais não dão origem a crianças com malformações! Sucede que esses espermatozóides não são fecundantes, sendo esta uma causa importante de infertilidade.
Em situações de teratospermia grave só a microinjecção intracitoplasmática (ICSI) oferece possibilidades de êxito significativas.
Ausência de espermatozóides
Nalguns homens, o ejaculado não contém espermatozóides. Essa situação designa-se por azoospermia e significa que os testículos não produzem espermatozóides ou então que estão obstruídos os canis que conduzem os espermatozóides para o exterior dos testículos. Em situações raras é possível restaurar a permeabilidade desses canais recorrendo a técnicas cirúrgicas com utilização de microscópios especiais. Se essa alternativa não for adequada é possível tentar recolher os espermatozóides directamente do testículo e utiliza-los para efectuar microinjecção - ICSI.
Se não há produção de espermatozóides pelos testículos (situação que se consegue identificar através da biopsia do testículo) e não se trata de uma das raras situações de causa hormonal, não existem formas de corrigir a situação. Há alguma investigação promissora relativamente à possibilidade de fazer microinjecção utilizando células precursoras dos espermatozóides, mas a eficácia é ainda muito reduzida.
Como opção possível nesses casos há que ter em conta a adopção ou, quando tal é exequível, a inseminação com esperma de dador.